O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, teve um dia agitado ontem (9) em
Brasília. Pela manhã, falou à imprensa de todos os estados sobre detalhes do
programa “Mais Saúde para o Brasil”, lançado na última segunda-feira pela
presidente Dilma Rousseff. Padilha rebateu críticas de entidades médicas que
ameaçam promover greve geral, caso sejam implantadas as medidas propostas pela
Medida Provisória publicada ontem pelo Diário Oficial da União.
O ministro disse ao Diário que os problemas enfrentados pela população
da Ilha do Marajó “serviram de inspiração” para a criação do novo programa. A
região é a que apresenta a pior concentração de médico por habitante do país.
Os gestores municipais não conseguem manter profissionais de saúde nos
municípios, mesmo oferecendo altos salários e boas condições de trabalho, como
unidade de saúde equipada, aparelhos para exames e medicamentos.
De acordo com Padilha, o Marajó é prioridade neste programa do governo.
“Foi pensando no problema enfrentado pela população que criamos o programa.
Estaremos junto à universidade (Universidade Federal do Pará) para coordenar o
trabalho dos médicos na região, o pagamento será direto do Ministério, tudo
isso dará mais segurança para que o médico fique nos municípios do Marajó”,
informou o ministro.
Entre as resistências encontradas pelo ministro junto às entidades
médicas estão as medidas que propõem mudanças nos cursos de medicina, como a
criação do segundo ciclo. A proposta é de que os estudantes de medicina façam
obrigatoriamente a chamada residência médica, pelo período de dois anos, em
hospitais do SUS, condicionando o recebimento do diploma a esta medida, que
passa a valer a partir de 2015.
As entidades de classe avaliam que essa mudança é uma exploração do
profissional de saúde. Alexandre Padilha rebateu destacando que o serviço
social obrigatório é quando o Estado escolhe para onde o profissional vai. “O
médico em treinamento ficará dois anos na atenção básica, na medicina da
família, na urgência e emergência, ligado à instituição formadora. Ou seja, a
faculdade onde ele estuda vai ter que se aproximar da atenção básica e lá ele
vai fazer o processo de treinamento. Não tem nenhuma relação com serviço civil
obrigatório, disse., enfatizando que esses dois anos servirão para melhorar a
formação dos profissionais e torná-los “especialistas de gente”, com uma visão
mais geral e integral do paciente.
O ministro afirmou que o governo federal está “muito seguro” da validade
jurídica do Programa Mais Médicos. “O momento é o do debate no Congresso
[Nacional]. Quem tiver propostas diferentes para levarmos mais médicos à
população brasileira apresente-as e vamos debater no Congresso. Não venham
tentar cercear o debate e as medidas que o governo federal está tomando para
resolver um problema grave no Brasil, que é ter médicos perto da população”,
disse o ministro.
Ontem foram publicadas no Diário Oficial da União a medida provisória e
os editais com as regras do programa, que visa ampliar o número de
profissionais de saúde em municípios no interior do país e nas periferias das
grandes cidades. No Pará serão 96 municípios beneficiados.
À tarde o ministro da Saúde participou da abertura da 16ª Marcha a
Brasília em Defesa dos Municípios. Ele informou aos prefeitos que a pasta
possui recurso disponível para“toda demanda de infraestrutura” na área de saúde
nos municípios. Segundo Padilha, R$ 7 bilhões do ministério já estão sendo
usados em obras de reformas em hospitais e mais R$ 5 bilhões serão
disponibilizados esta semana para contratação.
BOATOS
O ministro foi vítima de boatos sobre sua formação.. Alexandre Padilha é
médico infectologista pós-graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, com diploma reconhecido pela Comissão Nacional de Residência
Médica (CNRM) tendo, inclusive, supervisionado o Núcleo de Extensão em Medicina
Tropical do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da USP. As
acusações causaram mal estar em Brasília.
Formado na Universidade de Campinas (Unicamp), com residência na USP, o
ministro, cuja primeira inscrição no Conselho Regional de Medicina é de São
Paulo, pediu transferência para o Pará, onde implantou e coordenou o Núcleo de
Medicina Tropical da USP em Santarém, tendo a experiência de levar médicos para
a Amazônia.
Em nota, Padilha lamentou que “ataque pessoal seja usado para mascarar o
debate sobre o “Programa Mais Médicos”, que levará estes profissionais para as
regiões mais carentes dos municípios do interior e da periferia das grandes
cidades”.
fonte:Diário do Pará
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